'Taí, gente! P'ra ninguém dizer que é perseguição a toa ao presidente, a crítica agora parte de uma importante autoridade, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso. Ele, que é também ministro do Supremo Tribunal Federal, fez áspera crítica ao presidente Jair Bolsonaro (Ufa! Vai passar), nesta 4ª feira, ao falar em um webinário - promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso - com Dieter Grimm, ex-membro da Corte Constitucional da Alemanha, sobre "Respostas Constitucionais a Retrocessos na Democracia". Barroso se disse à vontade, já que ali poderia falar o que usualmente não pode.
O presidente do TSE afirmou que a democracia brasileira "vem sendo atacada pelo próprio presidente da República - sem citar o nome - e o seu entorno", mas que "tem se mantido resiliente pela própria ação da imprensa, que é plural e crítica, e muito contribuiu para a resiliência da nossa democracia". Essa reação do ministro Barroso, apropriada e oportuna, vem justamente quando Boçalnaro volta-se de novo contra a imprensa, como ocorreu no último final de semana.
Ao ser perguntado sobre depósitos de Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o capitão respondeu ao repórter que tinha vontade de "encher a sua boca de porrada". E um dia depois, voltou a atacar a imprensa, usando o termo "bundão" para se referir a jornalistas. Por essas e outras, o ministro do STF falou no webinário que "também setores da sociedade civil têm reagido às manifestações autoritárias do presidente e de pessoas próximas a ele", que até invocam a volta da tortura e da ditadura militar. Mas Barroso lembra que "a reação da sociedade também mantém a resiliência da democracia brasileira".
O presidente do TSE advertiu para que "devemos estar alertas para atravessar esses tempos difíceis, preservando a integridade da nossa democracia" E citou que, mesmo com um presidente que defende a ditadura militar e fala em tortura, "ninguém considera uma solução (de enfrentamento) diferente do que prega a Constituição", e que "isso é muito positivo" para qualquer democracia.
Mas o presidente acha que a imprensa fala dele por birra. Por exemplo, disse em Ipatinga\Minas Gerais que "no dia em que eu for elogiado pela imprensa, podem saber que o Brasil está indo mal". Sem máscara, Boçalnaro voltou a causar aglomeração, e posou para fotos com funcionários da empresa que visitava. E atentem que Ipatinga é a 3ª cidade mineira com maior número de casos de covid-19, segundo boletim divulgado nesta 4ª feira pela Secretaria da Saúde. (et)
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