Interessante e estranho - ou estranhamente interessante - o que acontece na saúde pública e a população, que é o público a ser assistido, ou não fica sabendo ou é a última a saber, embora toda a grana gasta (ou jogada no ralo) seja desse público, que acaba ficando sem atendimento e sem dinheiro. Horripilante, né? Pois é: neste domingo, a imprensa está divulgando que a Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro informou, no sábado, que já transferiu todos os pacientes que estavam internados no Hospital de Campanha do Maracanã.
Ora, antes de continuar, vamos racionalizar esse imbróglio; essa informação estranhamente interessante: esse hospital de campanha foi mandado construir às pressas - claro que sem licitação, pela urgência da obra, como todos os outros em todo o Brasil -, porque a procura por vagas para internar doentes da covid-19 era muito grande e urgente, e o imediatismo não permitia delongas. Muito bem! No Rio, uma empresa foi então contratada para construir 7 desses hospitais de emergência.
No entanto, só 2 deles foram feitos - o do Maracanã e o de São Gonçalo - e a demanda continuou aumentando e sobrecarregando os hospitais estaduais, municipais (onde existia) e particulares. Pois bem: com toda a rede hospitalar do Estado carregada e mais doentes todos os dias, vem o rompimento do contrato do Estado com a terceirizada e o consequente esvaziamento dos hospitais de campanha. Ora, ora! O que é isso? Acomodar aonde todos os pacientes com o coronavírus?
Aquela pressa toda p'ra construir hospitais não era porque precisava internar tanta gente? Cadê esse pessoal? E não foi apenas o hospital do Maracanã; o de São Gonçalo também foi esvaziado, mesmo com a decisão judicial para a permanência dos pacientes nos 2 hospitais. Na 6ª feira, a Secretaria da Saúde anunciou que 26 pacientes do Maracanã e 8 de São Gonçalo estavam sendo transferidos, devido ao rompimento do contrato com a organização social terceirizada, o Iabas. Entre os pacientes, mais da metade (23, na verdade) estavam em UTIs.
Na mesma sexta, o Ministério Público do Estado e a Defensoria Pública estadual acionaram a Justiça para barrar o esvaziamento dos hospitais, alegando que o Governo desrespeitava decisões para mantê-los funcionando e, assim, colocava em risco as vidas dos pacientes. E, no sábado, a juíza Aline Massoni Costa, da 14ª Vara da Fazenda Pública do Rio, ordenou continuar a entrada de novos pacientes nos hospitais.
Olh'aí, gente, como são as coisas: a juíza mandou, mas faz-de-conta que ninguém soube. Então, diante do descumprimento de sentença judicial, agora é esperar seja ordenada a prisão do descumpridor, que, por lógica, seria o 'dono' do Estado, mas, no caso, o governador, né?. Porém, enquanto isso, como ficam os pacientes do coronavírus? Sim, é verdade, e aí? Vão continuar sendo levados de um lado p'ra outro, sem a certeza de nada, a não ser a dúvida do desconhecimento, e sem nem ao menos poder contar com a esperança de u'a vaga num hospital. (et)
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