O presidente Jair Bolsonaro (Ufa! Vai passar...) falou a admiradores, nesta terça-feira\12, que a Ford mentiu sobre o fechamento das suas fábricas em Camaçari\BA, Taubaté\SP e Horizonte\CE, provocando mais de 5 mil desempregos. E perguntou: "O que a Ford quer?" , p'ra ele mesmo responder de imediato: "Faltou a ela dizer a verdade: quer subsídios". Em seguida, Boçalnaro explicou: "Vocês querem que continuemos dando 20 bilhões de reais todo mês p'ra eles, como nos últimos anos? É dinheiro de vocês; impostos que vocês pagam para fabricar carros aqui". E completou: "Lamento, mas a Ford perdeu a concorrência!"
Pois é: depois de quase um século produzindo no Brasil, a Ford anunciou na segunda-feira\ 11 o encerramento de sua produção de veículos aqui no país, nas 3 fábricas citadas. Mas a montadora segue com operações de vendas e assistência técnica, focando em produtos importados. O anúncio de saída da Ford acabou destacando a concessão, no Brasil, de bilhões de incentivos tributários para a indústria automobilística. Por exemplo, entre 2010 e 2020, dados do Ministério da Economia indicam incentivos tributários, aos fabricantes de automóveis, de 43 bilhões e 700 milhões de reais. Os valores de 2018\19\20 são projeções.
Nesse levantamento do Ministério da Economia, cujos dados individuais são sigilosos, os cálculos levam em consideração os incentivos totais para todas as empresas do setor. E, além desses incentivos de tributos federais, as empresas automobilísticas contam ainda com benefícios concedidos pelos governos estaduais, que, no entanto, não são contabilizados pelo Ministério. Realmente, é uma mina rica para as montadoras de automóveis, que a maioria dos brasileiros desconhecem e - pior - ignoram quanto cada uma pode retirar.
Entretanto, o prezado capitão, comandante das Forças Armadas brasileiras, deveria pensar duas vezes antes de dizer "lamento". São mais de 5 mil trabalhadores desempregados, que ficarão sem salários por algum tempo, quiçá por muito tempo, pela falta de empregadores dessa mão de obra especializada. Não daria, Excelência, p'ra negociar? Um pouco, que fosse, já seria um alívio. Ainda dá tempo, capitão; não será demais. Vai ter criança chorando de fome, quando acabar a indenização e o pai - aflito -, como cachorro atrás do rabo. (et)
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