Atentado à imprensa não é só quando a sede de um veículo de comunicação é atacada fisicamente ou um jornal é impedido de circular por alguém mais forte ou algo mais poderoso. Qualquer ato ou ação que - direta ou indiretamente - interfira no perfeito entendimento de u'a mensagem ou notícia divulgada configura um atentado à imprensa. Também o é a crítica idiota - ou seja: sem fundamento ou vestígio de verdade - feita por alguém ou entidade de crédito público contra qualquer meio de comunicação ou algum profissional desse meio. Ficou confuso ou precisa ser mais direto? Por exem plo, quando uma autoridade do porte de um chefe de governo fala a jornalistas informalmente e, em meio às declarações, faz 'piadinha' em resposta a uma coisa séria, é atentado à imprensa.
Afinal, um chefe de estado não detém o poder de mandar quem quer que seja perguntar nada à mãe de quem quer que seja. Existe, no conjunto de relações entre uma autoridade e seus subordinados (o mínimo que seja) um invisível código de honra que impede o desrespeito entre eles. Então, só porque o chefe de estado possa ser um despreparado capitão das Forças Armadas do país, isso não é abono para brincadeiras dele com outros menos graduados ou sem nenhuma graduação militar. Aliás, o que se esperar de quem já disse publicamente não sentir qualquer desejo por uma colega de Parlamento, pelo simples fato de, apesar de u'a mulher bonita, ser defensora de ideologia contrária à dele?
Pois bem, caros leitores: chega de indiretas, né? A intenção aqui é apenas mostrar que, no Brasil, no ano pssado (aí, tendo de se considerar as piadinhas do capitão do Exército Brasileiro Jair Messias Bolsonaro), houve 208 ataques a veículos de comunicação e jornalistas, isto é: 54% a mais que no ano de 2018. Desse total, 114 casos foram de descredibilização da imprensa e 94 de agressões diretas a jornalistas. Os dados - de toda confiança - são da Federação Nacional dos Jornalistas, entidade que não tem porque 'fabricar' informações desse nível. Houve tempo (não tão remoto assim) em que, por algumas gestões sucessivas, as diretorias da Fenaj viviam em desentendimento com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF (ao qual sou filiado), mas eram por divergências não-profissionais, e nunca por discrepâncias que pudessem vir a abalar os pilares da boa convivência profissional.
No mês passado (janeiro), foi a 1ª vez que a Fenaj incluiu no seu relatório anual de atividades as tentativas de descredibilização da imprensa. Mas a entidade, com sede no Rio de Janeiro, explicou que, no ano passado, essa modalidade de ameaça à liberdade de imprensa acabou sendo a principal no Brasil, e "foi incluída no relatório por ter se tornado prática comum nas falas e discursos do presidente da República" (aarrhh - é Lei). Conforme o relatório da Fenaj, "é a postura do presidente da República que mostra que a liberdade de imprensa está ameaçada no Brasil".
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